Fui criada na periferia da Zona Oeste de São Paulo, em uma família que, apesar de passar por muitas dificuldades, sempre me incentivou muito a ver a importância dos estudos. Eu era uma criança meio maluquinha, que gostava de estudar e brincar de cientista. Ficava encantada ao abrir aparelhos eletrônicos, controles.
Um dos meus grandes exemplos profissionais foi meu pai: um homem preto que trabalhava com Tecnologia da Informação. Ele foi uma pessoa que me inspirou muito a seguir nesse caminho e a pensar coisas maiores, afinal era um homem preto com diploma universitário nos anos 80 – coisa muito rara.
Ele sabia os desafios dessa área, principalmente para pessoas pretas. Por isso, quando ele viu a oportunidade que eu tinha de me inserir mais cedo nesse mercado, ele me incentivou. Passei no processo seletivo para uma escola técnica no ensino médio e me apaixonei desde a primeira aula, que era de lógica de programação. No fim do curso, ganhei um intercâmbio em Londres por ser a melhor aluna da turma. Essa foi minha primeira grande conquista na vida.
Me apaixonei por Computação, mas não tinha desistido ainda da ideia de ser cientista. Na hora de buscar uma faculdade, tentei juntar minhas duas paixões. E aí me veio a bela ideia de achar um curso de Física Computacional, que só existia em três lugares do Brasil. Mas acabei descobrindo um curso de Neurociência Computacional no interior do estado e fui pra lá. Mas, nessa época, em 2017, minha avó descobriu um câncer muito grave, já em metástase, e eu precisei voltar para São Paulo pra ficar perto.
Me apaixonei por Computação, mas não tinha desistido ainda da ideia de ser cientista. Na hora de buscar uma faculdade, tentei juntar minhas duas paixões. E aí me veio a bela ideia de achar um curso de Física Computacional, que só existia em três lugares do Brasil.
Quando comecei a buscar emprego em São Paulo, curiosamente, caí de paraquedas na área de Ciência de Dados de um banco, como estagiária. A partir daí que comecei a conhecer o mundo dessa carreira em que atuo hoje. É claro que algumas situações no mercado de trabalho me deixaram com vontade de desistir. Foi aí que comecei a procurar grupos de apoio para mulheres e pessoas pretas e vi que haviam várias pessoas que estavam passando pelo que eu passei. Pra mudar essa situação pra outras pessoas também, eu comecei a me voluntariar a dar aulas e mentorias, e me envolvi na área de Diversidade de uma das empresas por onde passei. Foi ali que aconteceu o encontro entre a Andressa profissional e Andressa pessoa, e foi o encontro mais gostoso que eu tive. Decidi que era aquilo que queria para minha vida.
Hoje atuo em um grande banco digital, além de dar palestras, aulas e mentorias, levando o ensino de dados de forma mais humanizada para pessoas de grupos de diversidade. Onde me chamarem eu tô indo. É lindo ver o orgulho no rosto dos meus pais. No início do ano, perdi meu esposo por causa de uma doença genética rara. Então todas essas conquistas acontecem no meio de muito caos.
Pra viver tudo isso sempre foi preciso muita força, por isso considero tudo uma conquista coletiva, de todo mundo que tá sempre me empurrando. No início do ano, perdi meu esposo para uma doença genética rara. Então toda a conquista acontece no meio de muito caos. Porque sozinha eu não chego. São muitas histórias que levo dentro de mim, por isso tenho muito orgulho de poder estar dando orgulho de volta.
Meu nome é Andressa Freires e sou mais uma (Se)mente.
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