Cresci em uma família pequena no bairro da Moóca, em São Paulo e, desde uns 7 anos, eu já me envolvia com o trabalho dos meus pais.
Meu pai era comerciante, tinha pouquíssimo estudo e trabalhou muitos anos na roça e no garimpo. Foi andando com ele pela cidade e passando em frente aos bancos que eu tive meu primeiro desejo profissional. Ao ver um banco, eu pensava “é ali que eu quero trabalhar, todo mundo está sempre feliz e bem arrumado”.
Eu estudei em uma ótima escola no centro de São Paulo e ali tive contato com processos para Jovem Aprendiz. Aos 16 anos, passei em um desses processos, para vender cartão de crédito para um novo banco. Trabalhava de terninho preto, prospectando clientes em empresas que já eram atendidas pelo banco.
Ainda com 17 anos, entrei para uma grande instituição financeira, em um cargo de gerente virtual de contas - na época eu era gerente por telefone, era o início do telemarketing dos bancos. Pela minha idade, meus pais precisaram me emancipar para que eu pudesse assumir o trabalho e essa foi uma vitória já tão nova ter meu dinheiro e morar sozinha.
Fiquei no mundo do call center por uns bons anos, nas áreas de relacionamento com cliente, sucesso do cliente, implementei projetos para grandes empresas que foram ótimos para o meu aprendizado.
Nos trabalhos em que passei, sempre falei com muita gente, e com isso passava por várias áreas, conhecia outras rotinas, aprendia outras funções.
Me especializei de várias formas, estudando Gestão de Marketing, Gerenciamento de Projetos e comecei a conduzir grandes projetos, inclusive com a alta liderança.
Comecei uma faculdade de Direito e foi aí que meus olhos se abriram pra muitas coisas, principalmente sobre desigualdades e importância da diversidade. Comecei a implementar programas de diversidade e inclusão em empresas por onde passei. Em uma delas, o projeto era focado na inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho, o que contribuiu para a mudança de muitas histórias.
Hoje, apesar de ter que me afastar um pouco do mundo corporativo, eu sei que é importante estar lá para trazer os nossos.
Antigamente eu chegava a questionar as cotas, achava que era “entrar pelos fundos”, mas quando eu entendi que a gente já estava há muitos passos atrás, era obrigatório que abrissem essas portas pra gente, senão nunca haveria espaço. A cada dia estou aprendendo mais para abrir essas portas também para outras pessoas.
Meu nome é Idalina Souza e sou mais uma (Se)mente.
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