Sou a filha mais velha de uma família de 4 irmãos. Cresci no litoral de São Paulo e minha maior inspiração profissional foi minha madrinha. Ela era uma pessoa que sempre trabalhou, sempre buscou uma carreira, sempre se produziu muito bem. Saltos altos, maquiagem: isso me chamava atenção desde criança, me fazendo querer ser uma grande profissional.
Ela começou a carreira como jovem aprendiz em um laboratório de análises clínicas e ficou lá por 30 anos. Curiosamente, quando foi minha hora de começar a trabalhar, eu também comecei como jovem aprendiz, aos 15 anos, em uma rede de farmácias, na área administrativa e financeira.
Passei a minha vida inteira sendo bolsista em escolas particulares, desde a primeira série meus pais me incentivaram a prestar concursos de bolsa. Aos 18 anos, a rede de farmácias em que eu trabalhava fechou e eu decidi estudar para concursos públicos.
Foi uma época difícil na nossa vida familiar, já que eu e meu pai estávamos desempregados.
Lembro que para um concurso, precisamos pedir dinheiro emprestado para fazer a inscrição e tivemos que ir até outra cidade de bicicleta para conseguir fazer a inscrição, já que a gente não tinha o valor da passagem de ônibus. Fui aprovada em primeiro lugar! Meu pai guarda esse pedaço de jornal com a divulgação da aprovação até hoje.
Passei muitos anos trabalhando nessa cidade, primeiro nos Correios e depois na Prefeitura, também com concurso público. Ao todo, passei em três concursos ao longo da vida. Em 2015, mudei com meu atual esposo para a capital de São Paulo e, nessa mudança, foi difícil me recolocar no mercado de trabalho. Por isso, decidi voltar a estudar.
Fiz graduações de Logística e Gestão Financeira, mas minha maior barreira no mercado era não ter experiência na área privada. Fiz um vestibular para uma universidade pública e passei para Engenharia. Já no meu primeiro semestre consegui um estágio e desde aí consegui entrar no mercado. Hoje trabalho em uma multinacional.
Me considero uma pessoa meio rebelde, apesar dos meus pais terem uma educação conservadora. Desde muito nova, eu queria ser diferente, ser como a minha madrinha, trabalhar, estudar, morar sozinha. Sempre quis essa liberdade e pra gente conseguir isso, existe um caminho a trilhar. E sem paixão, sem vontade, não dá certo.
Meu nome é Michelle Dias e sou mais uma (Se)mente.
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