Eu nasci em São Paulo, no bairro da Casa Verde, zona norte de São Paulo. Cresci com a minha mãe, que é técnica de Enfermagem, minha avó e meu irmão. Quando eu era criança eu falava que ia estudar Direito. Na verdade o meu sonho na época era ser delegada de polícia, por ter alguns parentes que são policiais.
Meu primeiro emprego foi aos 16 anos. Como muitas outras pessoas pretas e periféricas fui trabalhar com telemarketing. Fui fazer cursinhos preparatórios porque a vontade de estudar Direito continuava, mas minha mãe era contrária à ideia. Ela achava que eu levava jeito para a Comunicação e que deveria insistir nessa área.
Consegui iniciar o curso de Direito na universidade Mackenzie, depois de ter feito um curso preparatório lá. E aí descobri que eu tinha criado uma fantasia na minha cabeça sobre a área e o curso era bem diferente do que eu esperava, não tinha a ver comigo. Quando comecei a cogitar sair da faculdade fui muito julgada porque era uma instituição de renome. Mas acabei decidindo sair.
Eu não queria ficar parada e comecei a procurar outra área que eu me identificasse, para estudar. Fui direto para um curso técnico em Publicidade e Propaganda. Dessa vez minha mãe até me ajudou financeiramente, porque ela acreditava que eu tinha vocação para a Comunicação. Me identifiquei bastante com o conteúdo, especialmente a parte de Planejamento. Eu gosto de pesquisar, de organizar as coisas e fazer essa preparação para as campanhas era algo que me motivava muito.
Apesar de ter gostado bastante do curso sentia que ainda não era a Publicidade. Fui pesquisar os cursos próximos e conheci mais do curso de Jornalismo.
Aí tive certeza, especialmente por ser uma área que exige muita pesquisa, investigação e checagem de fatos. Comecei o curso e uma das primeiras tarefas era montar um roteiro de Reportagem que, no fim, era muito parecido com o que eu já fazia no curso técnico. Fiquei feliz por estar adiantada.
Fiz alguns estágios, trabalhando com redes sociais e também clipping, catalogando notícias.. Mas em algum momento fiquei desempregada e comecei a aplicar para várias vagas, em várias plataformas de busca de emprego. E de repente uma empresa me ligou, gostou de mim e a recrutadora me explicou: “Você vai trabalhar com Crimes”. Tomei um susto!
Foi assim que comecei a trabalhar na área de Compliance. Em um primeiro momento eu trabalhei com clipping. Recebia uma lista de crimes que eu tinha que pesquisar durante o dia em sites de notícia. Eu encontrava as notícias e precisava analisar e criar um micro-resumo dos fatos principais encontrados. Hoje sou formada em Jornalismo e continuo na mesma empresa. Fui promovida e estou trabalhando como Analista de Conteúdo. Meu trabalho é monitorar vários nomes de personalidades politicamente expostas no noticiário para identificar possíveis ligações com atividades criminosas.
Para o futuro eu quero continuar estudando. Meu sonho é trabalhar como jornalista, em uma Redação. No fim acho que é importante escutar as mães. Muitas vezes elas tem razão.
Meu nome é Karina Costa e eu sou mais uma (Se)mente.
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