Eu nasci e cresci na Zona Norte de São Paulo, onde moro até hoje. Meu pai era serralheiro e minha mãe era auxiliar de enfermagem. Quando eu era criança eu queria ser professora, mas a música também sempre esteve presente em minha vida. É algo tão natural que não sei definir quando começou meu interesse. Sempre esteve presente.
Na família do meu pai, por exemplo, minhas tias frequentavam uma igreja evangélica e cantavam. Já minhas tias maternas gostavam de ouvir discos e eu me lembro de ficar tentando entender as letras, de prestar atenção nos instrumentos. Nas festas a família sempre me pedia para cantar no karaokê. Esse parecia um caminho natural de carreira, mas não foi bem assim. O sonho de lecionar também continuava e eu até pensei em cursar essa Pedagogia, mas não tive apoio da minha família naquele momento.
Meu primeiro emprego foi como recepcionista e depois fiquei alguns bons anos como assistente administrativo. Já tinha passado dos 30 anos quando senti que não era tarde para insistir. Decidi que não ia deixar meu sonho pra trás e assim, em 2014, entrei para o curso de pedagogia em 2014 na universidade Metodista. Consegui ainda uma bolsa de estudos integral, o que me aliviou bastante, pois minhas condições financeiras não eram favoráveis.
Iniciar a faculdade com mais de 30 apenas reforçou que eu estava no caminho certo. A cada aula eu gostava mais do conteúdo.
Sentia que a bagagem profissional que eu trazia agregava no que eu aprendia, afinal, o importante é ir pra frente e não ficar olhando pros lados. Não tive dúvidas sobre a minha escolha enquanto estava na faculdade.
Por outro lado, quando comecei a atuar com educação infantil, senti um grande choque entre a teoria que tinha estudado e a prática no dia a dia. Junte o agravante de ter saído do ambiente tradicional de escritório e, de repente, estar cuidando de crianças pequenas.
E a música? Bem. Eu cheguei a cantar em coral de igreja e tal, mas tinha deixado isso pra lá. Até que um dia meu namorado, que é DJ, me ouviu cantarolando algo, e começou a me incentivar a estudar pra valer. Eu sabia que cantava bem mas ver alguém da área te dando essa força faz diferença. Nunca tinha estudado teoria para entender melhor a técnica. Saber o que eu estava fazendo era importante para eu ter segurança de subir num palco.
Conforme eu estudava, ia conhecendo mais e mais artistas, que me incentivaram a cantar, mesmo com medo. E, depois de alguns anos, eu subia pela primeira vez no palco do TonTon Jazz. Na dia da estreia, pra completar, eu rouca e cansada após uma semana difícil. Me sentia ansiosa. Mas nas primeiras notas eu percebia que ali era o meu lugar.
Ter duas profissões é interessante. Talvez as pessoas se perguntem se gosto mais de dar aula ou da música. Sou apaixonada pelas duas coisas e decidi juntar as duas paixões. Iniciei há pouco tempo uma pós-graduação em musicalização infantil. Meu desejo para o futuro é continuar trabalhando nesta área do lúdico, do educativo usando a música.
Meu grande sonho profissional é me apresentar em uma casa grande. Tenho até um lugar em mente: o Blue Note, em São Paulo. Mas, mais do que fama, quero continuar levando alegria e tocando a alma das pessoas.
Sou Renata Niara, mais uma (Se)mente.
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